Wilson Correia
Quem ainda não leu Eric Hobsbawm (nascido em Alexandria, Egito, em 09.06.1917)? Poucos, na universidade, pois esse historiador produziu farto material bibliográfico sobre a história e as revoluções.
Hoje, com 94 anos de idade, na ativa, ele analisa os movimentos ocorridos em 2011 (entrevista a Andrew Whitehead, BBC de Londres, em 23.12.11).
Na atualidade, se há possibilidade de alguma revolução, segundo ele, ela será feita pela classe média modernizada, e não pelos trabalhadores, cujas bandeiras foram ultrapassadas pelo processo de desindustrialização da sociedade.
Para ele, a revolução possível terá de ser como o que estamos vendo agora em 2011, com gente saindo às ruas para se manifestar a favor das coisas certas: “Estamos no meio de uma revolução. Mas não é a mesma em todos os lugares. Todas se parecem. Porém, há, em todas, o mesmo descontentamento”.
As forças mobilizadas nesses movimentos não pertencem aos tradicionais quadros políticos, mas em novos protagonistas que saem às ruas e praças em defesa de valores anticapitalistas. “As forças em movimento são semelhantes: classe média em modernização, estudantes jovens e a tecnologia que torna muito mais fácil mobilizar quem queira manifestar”.
Aí o valor e o significado político do uso das mídias sociais, potencializadas pela massificação da internet, que levam as pessoas às ruas e conduzem um verdadeiro exército ao palco do espaço público das cidades onde emergem com protagonismo contestatório.
Esses manifestantes formam o exército que deixa para trás a velha esquerda. “A esquerda tradicional foi formada para um tipo de sociedade já superado ou já saindo de cena. A crença daquela esquerda era a de que o movimento trabalhista de massa criaria o futuro”.
Para Hobsbawm, “Agora, o trabalho mudou. Fomos desindustrializados. Aquele projeto da esquerda deixou de ser viável”. Por isso, essas novas forças é que poderão fazer transformações sociais.
Por conta disso, “As mobilizações de massa atuais mais efetivas nascem de uma classe média modernizada e de um grande corpo de estudantes. São fortes em países onde a população jovem, homens e mulheres, formam a parte maior da população”.
Será que estamos mesmo nos conscientizando de que uma nova sociedade é realmente possível?
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