quinta-feira, 30 de junho de 2011

Que foi aquilo, a ditadura militar?



Que as Crianças Cantem Livres

Taiguara

Composição: Taiguara

O tempo passa e atravessa as avenidas
E o fruto cresce, pesa e enverga o velho pé
E o vento forte quebra as telhas e vidraças
E o livro sábio deixa em branco o que não é
Pode não ser essa mulher quem te faz falta
Pode não ser esse calor o que faz mal
Pode não ser essa gravata o que sufoca
Ou essa falta de dinheiro que é fatal
Vê como um fogo brando funde um ferro duro
Vê como o asfalto é teu jardim se você crê
Que há sol nascente avermelhando o céu escuro
Chamando os homens pro seu tempo de viver
E que as crianças cantem livres sobre os muros
E ensinem sonho ao que não pode amar sem dor
E que o passado abra os presentes pro futuro
Que não dormiu e preparou o amanhecer...

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A filosofia de Noel Rosa

Filosofia

Noel Rosa

Composição: Noel Rosa

O mundo me condena, e ninguém tem pena
Falando sempre mal do meu nome
Deixando de saber se eu vou morrer de sede
Ou se vou morrer de fome
Mas a filosofia hoje me auxilia
A viver indiferente assim
Nesta prontidão sem fim
Vou fingindo que sou rico
Pra ninguém zombar de mim
Não me incomodo que você me diga
Que a sociedade é minha inimiga
Pois cantando neste mundo
Vivo escravo do meu samba, muito embora vagabundo
Quanto a você da aristocracia
Que tem dinheiro, mas não compra alegria
Há de viver eternamente sendo escrava dessa gente
Que cultiva hipocrisia

A invenção do diabo

Ricardo Henrique Andrade*
 
Um amigo contou uma anedota que, além de risos, me suscitou reflexões sobre a vida universitária. Deus e o diabo seguiam em disputa. Deus criava o bem, mas o diabo, criando o oposto, sempre o superava. Então, Deus lançou seu derradeiro desafio: inventaria algo próximo da perfeição e com o mais alto nível de complexidade possível. Deus criou, então, o professor universitário. Depois de uma gargalhada satânica, o diabo anunciou sua superação: inventou o colega do professor universitário.
Mesmo conservando um alto grau de prestígio, há muito tempo o discurso científico perdeu sua áurea de neutralidade axiológica. Penso que isto tem algo a ver com o clima de disputas de egos do ambiente universitário. Lugar de vaidosas luzes ofuscantes, a universidade se tornou inóspita para muita gente inteligente. Sartre não optou por uma carreira universitária, talvez porque soubesse que lá “o inferno são os outros”.
Obviamente, desde que a ciência se tornou um trabalho coletivo, muitos avanços foram possíveis. É claro que a crítica não condescendente é sempre edificante. Mas o contexto da descoberta e da divulgação do trabalho científico é prenhe de histórias da mais baixa espiritualidade. Tramas, plágios, tramóias e um elenco infinito de expedientes sórdidos comparecem quando o fito é comprometer o trabalho alheio e arranhar reputações morais. Nesta guerra, passa-se do plano profissional ao pessoal em argumentos ad hominem que não disfarçam sua hostilidade vil.
Arrogante, detrator e não raramente perseguidor o colega do professor universitário é quase uma ameaça a qualidade do trabalho científico dos pares. Manipulando o quadro de horários, castigando nos pareceres técnicos, vetando a participação em projetos, este colega é um algoz implacável, sobretudo quando consegue um cargo qualquer de chefe de alguma coisa. Como saber é poder, o colega sabe o quanto pode ferir e trapacear. A universidade vive num eterno estado de natureza (em sentido hobbesiano): magister magistri lupus, um estado de guerra no qual o mestre é lobo do mestre.

*Ricardo Henrique Andrade é professor de filosofia da UFRB.

___________
Fontes: A Tarde, Opinião, 19/06/10.
http://mariafro.com.br/wordpress/2010/07/01/a-invencao-do-diabo-ou-um-olhar-sobre-a-disputa-academica/

Quando teoria é a arma


Wilson Correia

O vocábulo “teoria” tem origem no grego “theórein” e quer dizer assistir, especular, observar. É visão ou maneira de olhar para o existente, o humano, o mundo, a sociedade, uma forma de visão sobre o ser, os fenômenos, os acontecimentos e as relações.
Por seu lado, “arma”, do latim “armus”, dá nome ao instrumento feito para atacar ou defender, para realizar a força e perpetrar ações de poder. Não é sem motivo que os anagramas da palavra “arma” são, entre outras, mara (amarga) e amar. Com uma arma a pessoa pode ir para a ofensiva ou ter de ficar na defensiva.
Desse modo, a teoria como arma implica o uso da razão, do entendimento, do intelecto, do argumento e do discurso para fazer ataques ou empreender defesas. Parece lógico que trabalhos monográficos de conclusão de curso em nosso sistema de ensino superior, de graduação e pós-graduação, tenham o nome de "Defesa". Como só pode haver "defesa" em situações de recebimento de "ataques", não é preciso dizer muito sobre o que esses momentos significam.
E a coisa parece não ser de hoje. Na Grécia antiga, a transformação da razão em arma levou Sócrates à morte e fez Platão se exilar. Mais adiante, conduziu Giordano Bruno à fogueira; na Modernidade, forçou Galileu Galilei a empunhar a abjuração. Isso só para ficar em alguns casos clássicos e mais visíveis nos quadros da História, pois, até nossos dias, ocorrências semelhantes se contam a punhados.
Nessa trilha e investigando a História, talvez venha da Idade Média esse espírito de embate e combate que cerca nossas “Defesas”.
Foi durante a escolástica, ensino de cunho aristotélico da Igreja Católica, que se instaurou o método de ensino baseado no ataque e na defesa, em três momentos básicos, compreendendo: “lectio” (exposição comentada e explicada), “disputatio” (embate teórico pró e a favor) e “determinatio” (indicação da verdade pelo mestre). A autoridade magistral é que determinava o que se poderia considerar correto, certo, seguro e verdadeiro.
Um modo de lidar com o saber e o poder que, de mais a mais, contaminou toda a vida universitária e se arrasta até nossos dias. Lamentavelmente, ainda que com nomes diferentes, a escolástica vige. Ainda empregamos a teoria como arma letal. Nessa perspectiva, aliás, nunca deixamos de ser tão autoridades (ou autoritários?) e tão medievais!

O que é isto, a educação?


segunda-feira, 27 de junho de 2011

Selva Guimarães - Prêmio Destaque UFU em Pesquisa 2011




Ser professor é uma luta

A situação salarial docente nas novas IFES 

Wilson Correia

Nós, docentes da UFRB, estamos assistindo à greve de nossos colegas técnico-administrativos. Aqui e ali, fala-se em luta salarial dos professores e professoras. Há um movimento dos docentes no sentido de debater nossa situação. Nesse contexto, apresento alguns dados para contribuir para o debate.
Fazemos parte do processo de expansão interiorizada do ensino superior. Que isso incrementa a democratização do e o acesso ao ensino superior não resta dúvida. Aliás, essa era uma antiga e conhecida reivindicação da sociedade.
Porém, a cota exigida dos docentes para esse processo tem sido grande. Atualmente, muitas são as nossas atribuições, as quais extrapolam, em muito, nossas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
Isso, no contexto mais geral de alteração das responsabilidades do magistério, segundo António Nóvoa, produz uma intensificação do trabalho docente e contribui para a “degradação das condições em que atuam milhares de professores”.
Porém, qual tem sido a contrapartida do Estado em face da sobrecarga de trabalho sobre nossos ombros?
Um professor que dedica 20 horas semanais a uma Instituição Federal de Ensino Superior recebe R$ 1.491,00 a título de salário-base (parece que o ANDES está propondo R$ 2.194,76). Desde os anos 1990, o salário docente tem sido composto à base de gratificações e bolsas que alcançam 75% dos nossos vencimentos, aí incluídas, por exemplo, bolsa-produtividade e PARFOR, sendo de amplo conhecimento como esta segunda tem sido “distribuída”, com nenhuma delas sendo incorporadas aos nossos salários.
Bolsas e gratificações são modos de remuneração periódicos, esporádicos e paliativos. Se, aparentemente, incrementam nossos salários, não são permanentes como o aumento de nossas funções e atividades.
Em comparação com as IFES que existiam antes do processo de expansão, os nossos salários são os menores entre os docentes das universidades federais. Além disso, a Lei de Diretrizes Orçamentária (LDO) está em curso e tem de ser discutida agora, durante o processo de votação no Congresso Nacional.
Diante dessas questões momentosas, o que fazer? Será que os professores e professoras vamos arcar com tão pesadas contribuições para o processo de expansão, sem que tenhamos nossos esforços devidamente reconhecidos pela sociedade e pelo Estado?
O que está em jogo aí é a universidade pública, sem mensalidades, de qualidade humana e social a que temos direito, haja vista que mantida pela somatória de taxas e impostos do conjunto dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. A mensalidade da universidade pública brasileira é paga quando se compra o arroz e o feijão!
Ora, educar para a justiça e a liberdade inclui o enfoque em nosso próprio quintal. Que, nesse debate sobre sociedade, Estado e educação, possamos ter condições propícias para discutir esses aspectos e fazer ver como o respeito à nossa condição docente no ensino superior ainda tem muito o que avançar.

domingo, 26 de junho de 2011

Conjuntura ou estrutura?

Mudanças conjunturais não bastam

Wilson Correia

Eventos, manifestações e marchas por igualdade e liberdade contam mais de meio século, com Martin Luther King tomado como referência nesse sentido. Representam, ao longo dessas décadas, uma luta política mais ou menos exitosa, à medida que ações inclusivas e tolerantes criaram sociedades liberais mais arejadas no que respeita à convivialidade.
O machismo ainda é imenso, mas as mulheres avançaram como sujeitos sociais. Nossa sociedade ainda é brutalmente preconceituosa, mas os afrobrasileiros estão obtendo conquistas significativas. Somos homofóbicos em vários aspectos, mas a comunidade LGBT tem feito avanços em suas lutas por respeito. Portadores de necessidades especiais, ainda que a passos lentos, abrem espaços para terem seus direitos no foco das preocupações.
Essas são conquistas registradas nessas recentes décadas. Porém, no campo da justiça econômica, o mesmo não tem acontecido. Por que será?
Sobre esse paradoxo, Robert Kuttner* indaga e responde: “Por que, então, estamos andando para trás, quando se trata de justiça econômica? Isso se deve ao poder. Os proprietários da riqueza financeira se tornaram cada vez mais poderosos politicamente, enquanto os movimentos que lhes são contrários se tornaram drasticamente enfraquecidos”. Trata-se, então, de uma luta de poder na qual setores organizados têm suas causas e bandeiras subsumidas pela sociedade liberal.
Essa sociedade procede a uma inclusão e tolerância conformes ao interesse do sistema. Inclusão e tolerância inofensivas, que não devem colocar em questão a estrutura da sociedade de mercado. Já me abespinhei diante de uma palestrante para quem o máximo da libertação feminina seria a mulher portadora de carteira assinada, nem se dando ao trabalho de colocar à crítica o fato de a mulher ganhar cerca de 30% menos que o macho ao realizar o trabalho que o homem faz.
Mas, segundo Kuttner, que analisa a sociedade estadunidense, aí estão os proprietários do mundo, com riquezas vinculadas aos seus nomes individuais. Eles acumularam poder político bastante para forjarem marcos regulatórios de inclusão e tolerância contidas, reguladas, controladas, disciplinadas, fazendo com que autores, como István Mészáros, por exemplo, chamem a atenção para além da conjuntura, lembrando que a crise que vivemos é estrutural e requer reformas estruturais.
Em recente palestra ministrada em Salvador, Mészáros** diagnosticou o atual momento do capitalismo como o de uma crise “universal”, de escopo “global”, “permanente”, desde os começos do imperialismo, e “gradual”. Essa crise, segundo o conferencista, materializa-se em três esferas: “(1) na esfera militar, com as intermináveis guerras do capital desde o começo do imperialismo monopolista nas décadas finais do século dezenove, e suas mais devastadoras armas de destruição em massa nos últimos sessenta anos; (2) a intensificação, através do óbvio impacto destrutivo do capital na ecologia, afetando diretamente e já colocando em risco o fundamento natural elementar da própria existência humana, e (3) no domínio da produção material e do desperdício cada vez maior, devido ao avanço da ‘produção destrutiva’, em lugar da outrora louvada ‘destruição criativa’ ou ‘produtiva’”.
Desse modo, vale dizer que, no que respeita ao Brasil, a legitimidade das lutas conjunturais de mulheres, afrobrasileiros, LGBT, dentre outros, não devem ofuscar as lutas populares por justiça econômica por parte da sociedade organizada. A liberdade marchando sozinha cria tiranos (donos do mundo de que fala Kuttner). Por isso a justiça econômica tem de marchar em parelha com a da liberdade. Para tanto, como pontua Mészáros, precisamos enfocar a necessidade de transformações mais profundas, que alcancem as estruturas da sociedade do capital. Ou será que os donos do mundo vão mesmo continuar impedindo que esse movimento aconteça?

__________
Fontes:
*http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=17951&boletim_id=946&componente_id=15300.
** http://www.cienciaecultura.ufba.br/agenciadenoticias/noticias/ultimas/istvan-meszaros-abre-ii-encontro-de-sao-lazaro/.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

O que é isto, o valor?

"O diamante 
Certo peregrino parou em uma floresta junto a uma aldeia e se deitou debaixo de uma árvore para pernoitar.
A noite estava muito escura, sem estrelas, nem lua, ao longo da qual ouviu uma voz de um mercador, que gritava:
– ‘A pedra! A pedra! Dá-me a pedra preciosa, peregrino’.
O velho peregrino levantou-se, aproximou-se do homem que gritava e lhe disse:
– ‘Que pedra desejas, irmão?’
O mercador lhe respondeu:
– ‘A noite passada tive um sonho em que o Deus Shiva me disse que se eu viesse aqui esta noite encontraria um peregrino que me daria uma pedra preciosa a qual me faria rico para sempre’.
O peregrino foi buscar a sua bolsa e lhe deu a pedra, ao tempo em que disse:
– ‘Encontrei esta pedra em uma floresta perto do rio. Podes ficar com ela!’.
O mercador guardou a pedra e foi-se para casa. Quando lá chegou, abriu a mão e… Oh! Que surpresa! Era um diamante. Não pôde dormir o resto da noite, pois dava tantas voltas na cama como voltas moviam a sua cabeça. Levantou-se ao amanhecer, voltou ao local em que tinha encontrado o peregrino e lhe disse: 
‘Dá-me, por favor, a força que te permitiu desprender-te desta riqueza com tanta facilidade’" (Autoria desconhecida).

O que é isto, a fé?

"Os milagres
O milagre não é dar vida ao corpo extinto,
Ou luz ao cego, ou eloqüência ao mudo...
Nem mudar água pura em vinho tinto...
Milagre é acreditarem nisso tudo!" 
(Mario Quintana).










quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que é isto, o simpósio?


Sobre o simposio

Wilson Correia

Registra o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:
“simpósio
s. m.
1. Conjunto de trabalhos relacionados com o mesmo assunto e de autores diferentes.
2. Colecção de opiniões sobre um assunto especialmente quando publicadas em volume; esse volume.
3. Na antiga Grécia, segunda parte de um banquete ou festim, durante a qual os convivas bebiam, entregando-se a diversos jogos.
4. Banquete, festim.
5. Sala de festins.
6. Reunião científica para discutir um assunto literário; colóquio”.
A etimologia garante que o vocábulo “simpósio” vem do grego “συμπόσιον” (sympósion), o qual, na Grécia antiga, nomeava a festa durante a qual se “bebia junto” (sympotein). “O Banquete”, de Platão, exemplifica-o sobejamente.
Talvez seja porque “Nem só de pão vive o homem” (Jesus), que os gregos inventaram essa história de associar comida, bebida e palavra. Palavra viva, nascida e dita na espontaneidade de quem está no mundo e se contenta com isso, sem fazer do encontro um meio, uma ponte ou um trampolim. O simples prazer de cultivar a amizade e, no embalo disso, cultivar, também, o símbolo, a cultura e o entendimento. Numa palavra, educar-se em face do outro. De fato, o útil e o agradável acrescidos daquilo que é prazeroso. Talvez a inutilidade mais útil que o ser humano tivesse que inventar...
Claro que esse espírito originário não prevalece em nossos dias. Hoje, somos possuídos por espíritos estranhos, que querem algo, um interesse, um fim, o poder, incluir o mesmo como se isso acrescentasse algo além da “mesmidade”, e, aí, perdemos o sentido do beber, comer e conversar. Passamos ao largo do que seja e-du-ca-ção.
Os simpósios nossos mais se assemelham a maçudas produções acadêmicas –reguladas, regradas, normalizadas, primeiros lugares... Apenas "úteis".
Onde a alegria de simplesmente cultivar o outro porque nele sou amizade, nele reconheço minha própria humanidade, com ele vivo, produzo, existo, sou? É triste quando a vida mesma não pode seguir o seu curso porque a acorrentamos de modos mil...
Se um simpósio é para, também, beber, que bebamos vinho. Mas não de qualquer jeito, a toque de caixa. Vinhos superlativos são aqueles que usufruíram um longo tempo de maturação. Às vezes, dez, doze anos, ou mais.
Mas isso é apenas um desejo. Nos dias atuais, os números e a vontade de poder nos atropelam a todos. Uma pena! Enquanto isso, que os vinhos se maturem, para o prazer daqueles que não dependem de simpósios hodiernos para viver!

Fonte: Sobre o simpósio
Imagem: Googleimagem

Seminário Educação & Debates

No último sábado, 18, aconteceu no IFBA Campus Valença o Seminário Educação & Debates, evento organizado pelos cursos de Licenciatura em Matemática e Computação, promovido pela disciplina História da Educação, Filosofia da Educação, Psicologia da Educação e Ciência, Tecnologia e Sociedade.
O Diretor Geral do Campus, Egberto Hein, fez a abertura do evento, em seguida os professores Philipe Carvalho, Raidalva Barreto e Messias Cruz deram as boas vindas aos cursistas e evidenciaram a programação do evento, além de agradeceram a todos os presentes, assim como aos organizadores e alunos, docentes e funcionários do IFBA.
O evento foi composto por mesas redondas, oficinas temáticas e cine-debate. A Mesa Redonda foi formada pelos professores doutores Wilson Jesus e Wilson Correia sob mediação da profª. Luisa Senna. O prof. Wilson Jesus, vinculado a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) falou da importância de cada pessoa refletir sobre sua área de educação e ter clareza da sua função; discutiu sobre a educação matemática e evidenciou que toda pedagogia da matemática tem uma filosofia que a sustente; esclareceu ainda, que para se ensinar matemática o professor utiliza os saberes multidimensionais: da neurologia, antropologia, psicologia, filosofia e outras áreas do conhecimento.
Em seguida, o prof. Dr. Wilson Correia abordou a relação professor-aluno e da profissionalização docente; evidenciou a necessidade do professor de uma sólida construção teórica e metodológica e conceituou sociedade, os modelos societários (capitalismo e socialismo), a práxis vinculada a atividade de pensar, o tempo e práxis educativa.
Durante o período da tarde formaram-se três oficinas intituladas: Educação Feminina, Educação de Negros, e Educação, Política e Estado. Ainda à tarde foi exibido um vídeo intitulado "A História das Coisas", seguido de debates sobre os seguintes pontos:
  • Intenso consumo de produtos industrializados;
  • O papel dos meios de comunicação e da publicidade no estímulo ao consumo;
  • A geração de imensas quantidades de lixo;
  • A formação de grandes corporações capitalistas, a submissão dos governos a estas corporações;
  • A exploração dos trabalhadores e dos bens naturais dos países pobres;
  • A divisão internacional do trabalho;
  • A contaminação dos produtos industriais que usamos e a poluição do meio ambiente por substâncias tóxicas, como a dioxina.
Fonte: http://www.valenca.ifba.edu.br/index.php?option=com_content&view=article&id=283:seminario-educacao-a-debates&catid=55:eventos-institucionais

Congresso sobre educação


XXVI CONGRESSO DE EDUCAÇÃO DO SUDOESTE GOIANO


2ª EDICÃO NACIONAL

08 A 11 DE NOVEMBRO DE 2011

Propomos, para o XXVI Congresso de Educação do Sudoeste Goiano, em sua segunda edição nacional, a temática “Conhecimento, Formação e Ética: a educação na contemporaneidade”.
A temática se justifica pela nossa preocupação, enquanto Universidade Pública, em pensar o papel da Educação no processo de formação de professores, sobretudo, as políticas educacionais e a gestão dos recursos públicos no contexto das transformações da sociedade contemporânea.
Desse modo, temos como objetivo a promoção de debates que estimulem a análise de temas relacionados à Educação, visando a socialização do conhecimento produzido nas diversas áreas do conhecimento e possam contribuir para a melhoria da escola pública brasileira.
O Congresso espera ainda contar com a presença de cerca de 600 participantes, dentre eles docentes das redes de ensino, pesquisadores e discentes dos mais diversos cursos de licenciatura das muitas Instituições de Ensino Superior do Centro-Oeste, bem como docentes e pesquisadores da graduação e pós-graduação de todo o país, proporcionando assim o estreitamento das relações entre a produção teórica, a pesquisa e a docência em todos os níveis educacionais (da Educação Básica à Educação Superior).
Dentre as muitas atividades do evento, teremos  participação de conferencistas nacionais e internacionais, como o Professor José Pacheco (Portugal - Escola da Ponte), trazendo suas experiências sobre a Educação na Diversidade, o Professor José Carlos de Araújo (UFU), discutindo a temática  Ética, formação e conhecimento na era da  informação, e ainda a participação as professoras Ângela Mascarenhas(FE/UFG) e Terezinha Rios (USP).
Participe desse debate!!!
Maiores informações: Congresso

Qual universidade?

Transformar a universidade para outra sociedade

Wilson Correia

Em tempos de capitalismo totalizante, chega-me um texto traduzido de Marc C. Taylor (origem: http://www.nytimes.com/2009/04/27/opinion/27taylor.html), chefe do Departamento de Religião da Columbia University. Obviamente, é de onde se espera muito conservadorismo que o conservadorismo brota mesmo, e com força.
Taylor analisa a pós-graduação sob a ótica do mercado, ancorando seus argumentos na perspectiva do custo-benefício. O chão onde o autor coloca os pés é o do tecnicismo, dado que se preocupa com a formação e a entrada de especialistas nos setores produtivos capitalistas.
Em nome disso ele postula o rompimento do espartilho da avaliação pelos pares, a qual, segundo ele, só serve para modelar um sistema desfavorável à empregabilidade dos egressos do ensino superior. Nas entrelinhas, Taylor lamenta o fato de a universidade não estar sendo uma boa serviçal do mercado.
Segundo Luís Paulo Vieira Braga, do Observatório da Universidade (http://observatoriodauniversidade.blogspot.com/), responsável pela “leitura traduzida” do texto ao qual me refiro, em nome desse entendimento, Taylor defende: “1) Reformulação dos currículos de graduação e pós-graduação voltada para um padrão mais interdisciplinar e flexível; 2) Fim dos departamentos, com a criação de programas temáticos em torno dos quais professores, pesquisadores e alunos seriam agregados; 3) Maior colaboração entre as instituições, com o aproveitamento comum das excelências de cada uma; 4) Reformulação da tese tradicional, adequando-a às modernas formas de expressão; 5) Ampliar o leque de capacitação dos cursos oferecidos, habilitando os alunos ao exercício de outras funções, além da acadêmica; 6) Impor a aposentadoria compulsória e extinguir a ‘tenure’, permitindo uma efetiva oxigenação do corpo docente, abrindo vagas para os mais jovens”.
Mesmo dando enfoque à pós-graduação, na verdade as teses acima implicam o debate sobre toda a universidade. Desse modo, em lugar de “reformar” a universidade, em um movimento de volta à sua forma centrada na articulação elitista entre saber-poder, viabilizadora de mecanismos de controle e disciplinamento, penso que a universidade precisa ser transformada e ir além da cara autoritária e excludente que sempre teve para:
1) Reformular seu percurso curricular de maneira a basear o percurso formativo na multirrefencialidade epistêmica, o que requer a convivência relacional e vinculativa entre os diferentes sujeitos e portadores de diversos saberes, sobretudo daqueles oriundos dos meios populares e dos movimentos sociais àqueles que produzem, organizam e sistematizam as epistemologias no nível universitário, visando, aí, a uma outra universidade possível para uma outra sociedade também possível;
2) Instaurar uma lógica aberta e flexível no exercício de poder, valorizando, sobremaneira, a liberdade de ensinar e aprender, de pesquisar e socializar os saberes científicos e filosóficos que produz sob a égide da autonomia de planejar, executar e socializar os resultados obtidos por pesquisadores e pesquisadoras, uma vez que extinguir a departamentalização mas manter a lógica da centralização do poder universitário significa apenas trocar seis por meia dúzia;
3) Respeitar o modo de organização docente e discente, tendo por baliza o cumprimento da função humana, social e política dos sujeitos que ensinam e aprendem, flexibilizando fronteiras institucionais e jurídicas para que grupos docentes e discentes locais, regionais, nacionais e internacionais se associem, cooperativamente, visando ao planejamento, à execução e à avaliação entre pares de projetos de pesquisa, ensino e extensão compartilhados;
4) Remodelar baremas e outros instrumentos de avaliação para retirar a produção acadêmica das algemas “quantipositivistas”, bastante conhecidas entre nós, indo valorizar, de igual modo, o trabalho da subjetividade humana, a qual, ainda que se apóie nos imperativos quantitativistas, aos números não se restringe;
5) Valorizar a relação pedagógica como percurso de trocas de experiências entre quem ensina, pesquisa e faz extensão e quem aprende, é pesquisado ou simplesmente “recebe” a aplicação dos saberes “iluminados” da academia, uma vez que a decantada sociedade do conhecimento não passa de sociedade da informação, a qual, quase onipresente, pode ser amplamente acessada, deixando espaços para vinculações formativas diferenciadas, sobretudo às relações eminentemente pedagógicas;
6) Criar espaços de convivência, relação, vinculação e troca de experiência entre todas as gerações presentes nos espaços universitários, uma vez que aqueles profissionais considerados descartáveis pelos sistemas de aposentadoria podem ser o maior repositório de saberes sem os quais as gerações mais novas caem em prejuízo por perderem nos sistemas nutritivos de trocas simbólicas e por vivenciarem o divórcio entre gerações experientes e gerações aprendentes.
Encarar desse modo as coisas na universidade (defendendo na prática a flexibilidade curricular, o arejamento dos espaços de poder, a renovação das organizações dos sujeitos que fazem a universidade, a instituição de novas práticas avaliativas, a centralização da relação epistêmico-pedagógica e a não-exclusão nos espaços universitários) torna-se uma urgência a ser encarada, se é que desejamos uma universidade transformada e a serviço de novos estilos existenciais e de um novo modelo societário.
Não creio que crianças, jovens, homens e mulheres, bem como a sociedade da qual fazemos parte, estejam aí para serem subsumidos pelo mercado. O mercado é apenas uma parte da sociedade. Já não é tempo de mostrarmos ao mercado qual é, efetivamente, o seu verdadeiro lugar, criando um tipo de sociedade em que o homem e a mulher não sejam reduzidos à condição de meros consumidores ou de simples mercadorias?

Imagem: Internet

terça-feira, 21 de junho de 2011

O que é isto, a felicidade?


Felicidade

Luiz Tatit

Interpretação de Zélia Duncan

Composição: (Luiz Tatit)
Não sei porque eu tô tão feliz
Não há motivo algum pra ter tanta felicidade
Não sei o que que foi que eu fiz
Se eu fui perdendo o senso de realidade
Um sentimento indefinido
Foi me tomando ao cair da tarde
Infelizmente era felicidade
Claro que é muito gostoso, claro!
Mas claro que eu não acredito
Felicidade assim sem mais nem menos é muito esquisito
Não sei porque eu tô tão feliz
Preciso refletir um pouco e sair do barato
Não posso continuar assim, feliz
Como se fosse um sentimento inato
Sem ter o menor motivo
Sem uma razão de fato
Ser feliz assim é meio chato
E as coisas nem vão muito bem
Perdi o dinheiro que eu tinha guardado
E pra completar depois disso
Eu fui despedido e tô desempregado
Amor que sempre foi meu forte
Não tenho tido muita sorte
Estou sozinho, sem saída, sem dinheiro e sem comida
E feliz da vida!
Não sei porque eu tô tão feliz
Vai ver que é pra esconder no fundo uma infelicidade
Pensei que fosse por aí, fiz todas terapias que tem na cidade
A conclusão veio depressa e sem nenhuma novidade
O meu problema era felicidade
Não fiquei desesperado, não, fui até bem razoável
Felicidade quando é no começo ainda é controlável
Não sei o que foi que eu fiz
Pra merecer estar radiante de felicidade
Mais fácil ver o que não fiz
Fiz muito pouca aqui pra minha idade
Não me dediquei a nada
Tudo eu fiz pela metade, porque então tanta felicidade
E dizem que eu só penso em mim, que sou muito centrado
Que eu sou egoísta
Tem gente que põe meus defeitos em ordem alfabética
E faz uma lista
Por isso não se justifica tanto privilégio de felicidade
Independente dos deslizes, dentre todos os felizes
Sou o mais feliz
Não sei porque eu tô tão feliz
E já nem sei se é necessário ter um bom motivo
A busca por uma razão me deu dor de cabeça, acabou comigo
Enfim, eu já tentei de tudo, enfim eu quis ser conseqüente
Mas desisti, vou ser feliz pra sempre
Peço a todos com licença, vamos liberar o pedaço
Felicidade assim desse tamanho
Só com muito espaço!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

O que é isto, a classe média?

Classe Média

Max Gonzaga

Composição : Max Gonzaga

Sou classe média
Papagaio de todo telejornal
Eu acredito
Na imparcialidade da revista semanal
Sou classe média
Compro roupa e gasolina no cartão
Odeio "coletivos"
E vou de carro que comprei a prestação
Só pago impostos
Estou sempre no limite do meu cheque especial
Eu viajo pouco, no máximo um pacote cvc tri-anual
Mais eu "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Mas fico indignado com estado quando sou incomodado
Pelo pedinte esfomeado que me estende a mão
O pára-brisa ensaboado
É camelo, biju com bala
E as peripécias do artista malabarista do farol
Mas se o assalto é em moema
O assassinato é no "jardins"
A filha do executivo é estuprada até o fim
Ai a mídia manifesta a sua opinião regressa
De implantar pena de morte, ou reduzir a idade penal
E eu que sou bem informado concordo e faço passeata
Enquanto aumenta a audiência e a tiragem do jornal
Porque eu não "to nem ai"
Se o traficante é quem manda na favela
Eu não "to nem aqui"
Se morre gente ou tem enchente em itaquera
Eu quero é que se exploda a periferia toda
Toda tragédia só me importa quando bate em minha porta
Porque é mais fácil condenar quem já cumpre pena de vida

domingo, 19 de junho de 2011

O que é mesmo isto, a cidadania?

Haiti

Caetano Veloso

Composição : Caetano Veloso e Gilberto Gil

Quando você for convidado pra subir no adro
Da fundação casa de Jorge Amado
Pra ver do alto a fila de soldados, quase todos pretos
Dando porrada na nuca de malandros pretos
De ladrões mulatos e outros quase brancos
Tratados como pretos
Só pra mostrar aos outros quase pretos
(E são quase todos pretos)

Como é que pretos, pobres e mulatos
E quase brancos quase pretos de tão pobres são tratados
E não importa se os olhos do mundo inteiro
Possam estar por um momento voltados para o largo
Onde os escravos eram castigados
E hoje um batuque um batuque
Com a pureza de meninos uniformizados de escola secundária
Em dia de parada
E a grandeza épica de um povo em formação
Nos atrai, nos deslumbra e estimula
Não importa nada:
Nem o traço do sobrado
Nem a lente do fantástico,
Nem o disco de Paul Simon
Ninguém, ninguém é cidadão
Se você for a festa do pelô, e se você não for
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui
E na TV se você vir um deputado em pânico mal dissimulado
Diante de qualquer, mas qualquer mesmo, qualquer, qualquer
Plano de educação que pareça fácil
Que pareça fácil e rápido
E vá representar uma ameaça de democratização
Do ensino do primeiro grau
E se esse mesmo deputado defender a adoção da pena capital
E o venerável cardeal disser que vê tanto espírito no feto
E nenhum no marginal
E se, ao furar o sinal, o velho sinal vermelho habitual
Notar um homem mijando na esquina da rua sobre um saco
Brilhante de lixo do Leblon
E ao ouvir o silêncio sorridente de São Paulo
Diante da chacina
111 presos indefesos, mas presos são quase todos pretos
Ou quase pretos, ou quase brancos quase pretos de tão pobres
E pobres são como podres e todos sabem como se tratam os pretos
E quando você for dar uma volta no Caribe
E quando for trepar sem camisinha
E apresentar sua participação inteligente no bloqueio a Cuba
Pense no Haiti, reze pelo Haiti
O Haiti é aqui
O Haiti não é aqui

O que é a condição humana?


Sonho de Ícaro

Byafra
Composição : Pisca / Claudio Rabello

Voar, voar
Subir, subir
Ir por onde for
Descer até o céu cair
Ou mudar de cor
Anjos de gás
Asas de ilusão
E um sonho audaz
Feito um balão...
No ar, no ar
Eu sou assim
Brilho do farol
Além do mais
Amargo fim
Simplesmente sol...
Rock do bom
Ou quem sabe jazz
Som sobre som
Bem mais, bem mais...
O que sai de mim
Vem do prazer
De querer sentir
O que eu não posso ter
O que faz de mim
Ser o que sou
É gostar de ir
Por onde, ninguém for...
Do alto coração
Mais alto coração...
Viver, viver
E não fingir
Esconder no olhar
Pedir não mais
Que permitir
Jogos de azar
Fauno lunar
Sombras no porão
E um show vulgar
Todo verão...
Fugir meu bem
Pra ser feliz
Só no pólo sul
Não vou mudar
Do meu país
Nem vestir azul...
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom...
Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim...
Do alto, coração
Mais alto, coração...
Faça o sinal
Cante uma canção
Sentimental
Em qualquer tom...
Repetir o amor
Já satisfaz
Dentro do bombom
Há um licor a mais
Ir até que um dia
Chegue enfim
Em que o sol derreta
A cera até o fim...
Do alto, o coração
Mais alto, o coração...

_________
Na mitologia grega, Ícaro é o filho de Dédalo e Neucrata. Tendo fugido da prisão ao lado do pai e desejoso de se safar do Minotauro, ganhou do genitor um par de asas feito de penas. Com cera, amarrou-o ao corpo, visando a alçar voo podr ir para longe de seu opositor. O pai recomendou a Ícaro, porém, que não se aproximasse muito do sol, para que o calor não viesse a derreter suas asas, nem voasse perto do mar, para que as asas não se umidecessem e viessem a fazê-lo cair. Mas Ícaro, empolgado com o projeto do voo, seguiu cada vez mais alto, até que o calor do sol realmente fez com que a cera deretesse e que ele viesse a perecer em alto mar.

Direitos humanos, humanos sem direitos



Este curta faz parte do projeto Marco Universal. A partir de imagens selecionadas por João Roberto Ripper, o diretor faz um filme denúncia sobre a situação dos Direitos Humanos no Brasil destacando os principais eventos e momentos marcantes da história do país nos últimos 40 anos.
Fontes: Porta Curtas Petrobrás e Youtube.

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Marcha da liberdade

Wilson Correia

Há alguns anos a morbidez política brasileira incomoda, e muito. Não me refiro ao “politicamente correto”, essa postura de tolerância (às vezes até diante do intolerável) que também pode levar um corpo político ao próprio funeral.
A morbidez a que me refiro, primeiramente foi notada no “silêncio dos intelectuais”, mas se fez comodidade cotidiana, delineada pela refração dos movimentos sociais brasileiros, pela sonolência ideológica da sociedade organizada.
Daqui a alguns anos talvez os historiadores produzam uma explicação plausível para essa nossa quase indiferença político-ideológica, crescente e persistente desde as lutas pela redemocratização do Brasil, do “show” dos “carapintadas” e da tomada das rodovias e ruas pelo movimento dos sem-terra e dos sem-casa. Há muito, bandeiras e sujeitos sociais parecem recolhidos ao recôndito doméstico, à sombra do espaço privado.
Agora, contra essa prostração práxica, parece surgir uma fumacinha no fim do túnel. Será que um projeto de nação para o Brasil está começando, inusitadamente, pelos apreciadores da maconha? Oxalá isso não fique na especulação.
Surgido no vazio político, ideológico e cultural deixado por uma esquerda que chegou ao poder e que, aqui e ali, demonstrou-se avessa à autocrítica, a chamada “marcha da maconha”, após o visível embate com os “aparelhos repressivos e ideológicos do Estado” (salve Althusser!), transformou-se em “marcha da liberdade”.
No manifesto de seus idealizadores, leio:
“Prisões, tiros, bombas, estilhaços, assassinatos. Por todo o país, protestos legítimos estão sendo reprimidos com ataques violentos da força policial. Querem nos calar”. Mas... “Não somos uma organização. Não somos um partido. Não somos virtuais. Somos REAIS. Uma rede feita por gente de carne e osso. Organizados de forma horizontal, autônoma, livre. ... Temos poucas certezas. Muitos questionamentos. E uma crença: de que a Liberdade é uma obra em eterna construção. Acreditamos que a liberdade de expressão seja a base de todas as outras: de credo, de assembléia, de posições políticas, de orientação sexual, de ir e vir. De resistir. Nossa liberdade é contra a ordem enquanto a ordem for contra a liberdade”. ... “Ciclistas, lutem pelo fim do racismo. Negros, tragam uma bandeira de arco-íris. LGBTT, gritem pelas florestas. Ambientalistas, cantem. Artistas de rua, defendam o transporte público”.
É o imobilismo recebendo um “tapa da pantera” (salve Maria Alice Vergueiro!). Um debate posto em marcha. Uma brasinha relampejante. Um convite à ação.
Não foi sem motivos, então, que, ontem, a Suprema Corte brasileira decidiu dar ouvido aos “maconheiros”. Algo notável, sobretudo pelo fato de o relator do processo que pedia à justiça a repressão dessas marchas, ministro Celso de Mello, ter proclamado que "A polícia não tem o direito de intervir em manifestações pacíficas. Apenas vigiá-las para até mesmo garantir sua realização. Longe dos abusos que têm sido impetrados...".
Segundo o ministro, não há o que temer diante das novas ideias, "transformadoras, subversivas, mobilizadoras", as quais "podem ser tão majestosas e sólidas, quanto são as mais belas catedrais”, pois ideias “podem ser mais poderosas que a própria espada”, razão pela qual são “tão temidas pelos regimes de força".
Ao menos desta vez, o Supremo desceu à rua. Preteriu a força bruta para que a liberdade tenha o direito de ir e vir. Impressionante... Não deixa de ser respeito pelo povo. Porém, uma irmã gêmea da “marcha da liberdade” ainda dormita e precisa ser urgentemente acordada: é a “marcha da justiça”. Aliás, este não seria um bom momento de despertá-la para o colorido da vida, das pessoas, dos movimentos e das ruas?

quarta-feira, 15 de junho de 2011

O que é uma entrevista?



A educação é aposta

Coração de Estudante

Milton Nascimento

Composição : Wagner Tiso / Milton Nascimento

Quero falar de uma coisa
Adivinha onde ela anda
Deve estar dentro do peito
Ou caminha pelo ar
Pode estar aqui do lado
Bem mais perto que pensamos
A folha da juventude
É o nome certo desse amor
Já podaram seus momentos
Desviaram seu destino
Seu sorriso de menino
Quantas vezes se escondeu
Mas renova-se a esperança
Nova aurora, cada dia
E há que se cuidar do broto
Pra que a vida nos dê
Flor flor o o e fruto
Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo
Tomar conta da amizade
Alegria e muito sonho
Espalhados no caminho
Verdes, planta e sentimento
Folhas, coração,
Juventude e fé.

O livro na era digital


O segundo Fórum Mundial de Cultura e Indústrias Culturais promovido pela Unesco na cidade de Monza, na Itália, discute este ano o tema “O Livro Amanhã, o Futuro da Palavra Escrita”; Câmara Brasileira dos Livros acredita que ainda exista espaço no mercado nacional tanto para os títulos convencionais quanto para os digitais.

Especialistas encerram, nesta quarta-feira, em Monza, na Itália, um debate sobre o futuro dos livros em relação a nova mídia digital. O evento, de três dias, faz parte do segundo Fórum Mundial de Cultura e Indústrias Culturais promovido pela Unesco.
Entre os principais temas em foco estão questões como os direitos autorais na nova era de livros digitais, os possíveis efeitos desta mudança em termos de divisão entre as camadas sociais e as tendências dos mercados de publicação.

Curva de Crescimento
O mercado de livros digitais apresenta uma curva de crescimento constante. De acordo com a Associação Americana de Publicadores, AAP na sigla em inglês, a venda de livros digitais nos Estados Unidos cresceu mais de 202% em fevereiro deste ano em relação ao mesmo período do ano passado.
A presidente da Câmara Brasileira de Livros, Karine Gonçalves Pansa, disse à Rádio ONU, de São Paulo, que no Brasil, o mercado ainda é muito novo e que existe espaço tanto para os livros digitais quanto para os impressos.

Mercado Brasileiro
“Eu vejo o mercado brasileiro preocupado com esta nova realidade e também interessado em conhecer e se adaptar a este novo consumidor, a este novo modelo de negócios. Tudo ainda é muito novo, todas as discussões ainda estão sendo formadas, não existe um modelo padrão de contrato, de negociação”, disse.
Em relação ao futuro das bibliotecas e livrarias, ela acredita que estas terão que se adaptar aos novos consumidores. Em 2009, a venda de livros impressos pela internet representou apenas 2,25% das vendas totais no mercado brasileiro.


Livrarias e Bibliotecas
“Nós temos que estar onde o consumidor quer que o produto esteja. Você tendo um livro digital, as livrarias terão que apresentar o mesmo dentro de um site de venda. Mas no Brasil, ainda existem livrarias sendo abertas. Na nossa opinião, este é um mercado que vai viver harmoniosamente durante um tempo”, afirma ela.
Para a Câmara Brasileira de Livros, o Brasil ainda tem realidades muito diferentes de região para região em relação a tendência de consumo de livros. O mercado está mais evoluído nos grandes centros urbanos, mas nas áreas rurais, a realidade ainda é muito distante da era digital, incluindo o acesso à tecnologia nas escolas.

_________________
*Fonte: Rádio ONU <http://bit.ly/iL7qB0>
Daniela Gross, da Rádio ONU em Nova York*
Imagem: Google Imagem
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segunda-feira, 13 de junho de 2011

Grupo de Estudo do GPEFE

Comunico aos membros do grupo de estudos que não haverá reunião nesta quarta-feira dia 15/06/2011 às 16:00 horas. Agradeço a atenção de todos.

Atenciosamente,

George Moreira Oliveira

Maiores informações:
<gpefe@yahoo.com.br>

sábado, 11 de junho de 2011

Doutor em quê?


O doutor e o caipira 

Goiano e Paranaense

Autor: Goiano

Eu dou motivo que me chamem de caipira
Mas continuo lhe tratando de senhor
Eu não me zango, pois não disse uma mentira
Pelo contrario isso até me da valor
Sua infância foi lições de faculdade
Na realidade hoje é grande doutor
Não tive estudo minha escola foi trabalho
Desbravando meu sertão no interior

Foi importante eu ter feito essa viagem
Pois conheci essa frondosa capital
Estou surpreso vendo tanta aparelhagem
Para o senhor isso tudo é normal
Sou o paciente que o destino lhe oferece
Não me conhece como um profissional
Lá onde eu moro o senhor se sentiria
Como eu me sinto aqui nesse hospital

Lá eu domino aquele incêndio alastrado
Que sendo um raio deixa fogo no espigão
Se der um golpe em um pé de jatobá
Eu sei o lado que a arvore cai no chão
Sou especialista em mata-burros e porteiras
Sei a madeira que se usa no mourão
Vamos comigo ver meu mundo a céu aberto
Onde o trabalho também é uma operação

Todas as vezes que me chamam de caipira
É um carinho que recebo de alguém
É uma prova que a pessoa me admira
E nem calcula o prazer que agente tem
Doutor agora nos já somos bons amigos
Vamos comigo conhecer o meu além
Para dizer que sou caipira da cidade
Mas lá no mato eu sou um doutor também


Coisas que eu sei


Coisas que eu sei 

Composição: Dudu Falcão

Danni Carlos

Eu quero ficar perto
De tudo que acho certo
Até o dia em que eu
Mudar de opinião
A minha experiência
Meu pacto com a ciência
Meu conhecimento
É minha distração...
Coisas que eu sei
Eu adivinho
Sem ninguém ter me contado
Coisas que eu sei
O meu rádio relógio
Mostra o tempo errado
Aperte o Play...
Eu gosto do meu quarto
Do meu desarrumado
Ninguém sabe mexer
Na minha confusão
É o meu ponto de vista
Não aceito turistas
Meu mundo tá fechado
Pra visitação...
Coisas que eu sei
O medo mora perto
Das idéias loucas
Coisas que eu sei
Se eu for eu vou assim
Não vou trocar de roupa
É minha lei...
Eu corto os meus dobrados
Acerto os meus pecados
Ninguém pergunta mais
Depois que eu já paguei
Eu vejo o filme em pausas
Eu imagino casas
Depois eu já nem lembro
Do que eu desenhei...
Coisas que eu sei
Não guardo mais agendas
No meu celular
Coisas que eu sei
Eu compro aparelhos
Que eu não sei usar
Eu já comprei...
As vezes dá preguiça
Na areia movediça
Quanto mais eu mexo
Mais afundo em mim
Eu moro num cenário
Do lado imaginário
Eu entro e saio sempre
Quando tô a fim...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Coisas que eu sei
As noites ficam claras
No raiar do dia
Coisas que eu sei
São coisas que antes
Eu somente não sabia...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Agora eu sei...
Ah! Ah! Eu sei!

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Ei, professor!!!



Outro tijolo no muro 

 

Pynk Floyd 

 

Papai voou através do oceano,
Deixando apenas uma memória,
A foto no álbum da família,
Papai, o que mais você deixou para mim?
Pai, o que mais você deixou para trás para mim?
Foi tudo apenas um tijolo na parede,
Tudo foram apenas tijolos na parede.
Nós não precisamos de nenhuma educação
Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento
Nenhum humor negro na sala de aula
Professores, deixem essas crianças em paz
Ei! Professores! Deixem essas crianças em paz
Em suma, é apenas um outro tijolo no muro
Em suma, você é apenas um outro tijolo no muro
Nós não precisamos de nenhuma educação
Nós não precisamos de nenhum controle de pensamento
Nenhum humor negro na sala de aula
Professor, deixe essas crianças em paz
Ei! Professor! Deixe essas crianças em paz
Em suma, é apenas um outro tijolo no muro
Em suma, você é apenas um outro tijolo no muro
"Errado, faça de novo!"
"Errado, faça de novo!"
"Se você não comer carne, você não pode ter qualquer
pudim. Como você pode
ter pudim se você não comer carne? "
"Você! Sim, por trás da bikesheds, parado
senhora! "