quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que é isto, o simpósio?


Sobre o simposio

Wilson Correia

Registra o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa:
“simpósio
s. m.
1. Conjunto de trabalhos relacionados com o mesmo assunto e de autores diferentes.
2. Colecção de opiniões sobre um assunto especialmente quando publicadas em volume; esse volume.
3. Na antiga Grécia, segunda parte de um banquete ou festim, durante a qual os convivas bebiam, entregando-se a diversos jogos.
4. Banquete, festim.
5. Sala de festins.
6. Reunião científica para discutir um assunto literário; colóquio”.
A etimologia garante que o vocábulo “simpósio” vem do grego “συμπόσιον” (sympósion), o qual, na Grécia antiga, nomeava a festa durante a qual se “bebia junto” (sympotein). “O Banquete”, de Platão, exemplifica-o sobejamente.
Talvez seja porque “Nem só de pão vive o homem” (Jesus), que os gregos inventaram essa história de associar comida, bebida e palavra. Palavra viva, nascida e dita na espontaneidade de quem está no mundo e se contenta com isso, sem fazer do encontro um meio, uma ponte ou um trampolim. O simples prazer de cultivar a amizade e, no embalo disso, cultivar, também, o símbolo, a cultura e o entendimento. Numa palavra, educar-se em face do outro. De fato, o útil e o agradável acrescidos daquilo que é prazeroso. Talvez a inutilidade mais útil que o ser humano tivesse que inventar...
Claro que esse espírito originário não prevalece em nossos dias. Hoje, somos possuídos por espíritos estranhos, que querem algo, um interesse, um fim, o poder, incluir o mesmo como se isso acrescentasse algo além da “mesmidade”, e, aí, perdemos o sentido do beber, comer e conversar. Passamos ao largo do que seja e-du-ca-ção.
Os simpósios nossos mais se assemelham a maçudas produções acadêmicas –reguladas, regradas, normalizadas, primeiros lugares... Apenas "úteis".
Onde a alegria de simplesmente cultivar o outro porque nele sou amizade, nele reconheço minha própria humanidade, com ele vivo, produzo, existo, sou? É triste quando a vida mesma não pode seguir o seu curso porque a acorrentamos de modos mil...
Se um simpósio é para, também, beber, que bebamos vinho. Mas não de qualquer jeito, a toque de caixa. Vinhos superlativos são aqueles que usufruíram um longo tempo de maturação. Às vezes, dez, doze anos, ou mais.
Mas isso é apenas um desejo. Nos dias atuais, os números e a vontade de poder nos atropelam a todos. Uma pena! Enquanto isso, que os vinhos se maturem, para o prazer daqueles que não dependem de simpósios hodiernos para viver!

Fonte: Sobre o simpósio
Imagem: Googleimagem

Nenhum comentário: